quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Professor vs Educador

Esta página dedica-se à educação, e como tal, acho pertinente incluir hoje o tema do papel do professor, do educador, do aluno e da escola.

A vida não é uma realidade estanque. É mutável, é desafiante, é energia!
A vida são seres vivos, são pessoas e nesse sentido são as principais motores das transformações, dos desafios e de espalhar a sua energia.

O ser humano tem uma enorme capacidade de adaptação, flexibilidade e sobrevivência. O que eu sinto hoje dentro das escolas é que as pessoas mudaram e o sistema estagnou; e quando falo em sistema estou a referir-me aos conteúdos, ao papel do professor, ao papel do aluno, ao papel da escola e à forma como todos estes se relacionam entre si.

Atrevo-me a afirmar que não pode existir educação, se não existir relação (Professor-aluno-professor; escola-aluno-escola; escola-família-escola).

Acredito que o papel e o perfil do professor é decisivo no processo de sucesso escolar dos alunos.

Quando recordo a minha experiência enquanto aluna, facilmente descubro que as áreas escolares onde estive mais motivada, entusiasmada e onde obtive maior sucesso, eram as 'disciplinas' onde os professores eram educadores. Professores que viam e ouviam os alunos, que estimulavam as suas curiosidades, que respeitavam os ritmos individuais de cada um, que não julgavam a forma como se expressavam, pensavam e/ou se sentiam.

A meu ver, o professor é a principal referência escolar do aluno, aquele que lhe trata pelo nome e não o vê apenas como um 'número'. É aquele que facilita informação, que está atento às várias inteligências dos alunos, é aquele que apaixona e se deixa apaixonar, aquele que desenvolve a confiança e segurança e estimula os interesses individuais de cada um.

A minha experiência na Escola de Segunda Oportunidade de Matosinhos, prova-me diariamente que os 'ditos alunos difíceis e que não querem nada com a escola', têm vontade de aprender, participam nas várias áreas de intervenção da escola, são inteligentes, têm na maioria das vezes comportamentos que lhes permitem atingir os seus objetivos e são criativos.
A expectativa que o professor/ educador desenvolve em relação a um aluno, vai fazer sentir-se no seu próprio comportamento, e por conseguinte, na relação que escolhe criar com o aluno. Ou escolho que o aluno tem um 'péssimo' potencial de sucesso ou escolho que o aluno tem um 'excelente' potencial de ser bem sucedido. Estas escolhas, têm que ver nas representações internas daquilo que considero ser um 'pessimo' ou 'excelente' aluno e  que requisitos terá de cumprir.

Resumindo: tem mais que ver com o adulto do que com a criança/jovem.

Fiz uma breve pesquisa pela wikipédia sobre a origem da palavra 'aluno' e observei isto:
"Segundo a etimologia, o termo aluno significa literalmente “criança de peito”, “lactante” ou “filho adotivo” (do lat. alumnus, alumni, proveniente dealere, que significa “alimentar, sustentar, nutrir, fazer crescer”). (...) O termo aluno aponta, portanto, para a ideia de alguém imaturo, que precisa ser alimentado na boca e exige ainda muitos cuidados paternais ou maternais."

Quando aprendermos a reconhecer as necessidades que estão por detrás dos comportamentos dos jovens, mais facilmente fazemos corresponder a nossa atuação/intervenção aos mesmos, com compaixão, sem julgamento, com amor e aceitação incondicional.