quinta-feira, 16 de abril de 2015

Aceitação incondicional

Carl Rogers diz:
'Se uma pessoa é aceite, plenamente aceite, e nesta aceitação não há nenhum julgamento, apenas compaixão e solidariedade, o indivíduo está apto a abraçar-se a si mesmo, a desenvolver a coragem de abandonar as suas defesas e encarar seu eu verdadeiro.'

Os nossos processos de aceitação implicam um despir de filtros e crenças que trazemos na nossa experiência humana. A não consciência plena de que, a forma como me relaciono com o mundo segue um mapa de representações internas que me fazem avaliar e interpretá-lo fará com que me afaste da realidade em si mesma.

Na educação e no 'ser educador' este despir torna-se essencial e crucial na relação que escolho estabelecer com os educandos e inevitavelmente nos resultados que desejo obter nestas interações.

Exigimos muitas das vezes que os jovens nos ouçam, nos olhem, nos compreendam, estejam presentes e quase que me atreveria a dizer que nos esquecemos de os ver, ouvir, compreender e estar presentes, desde o primeiro encontro.

Por vezes, já no primeiro encontro lhes obrigamos a adulterar a sua identidade, através da forma de se vestir, falar, olhar, comunicar, andar... 
Quem somos nós para dizer que um boné é uma representação de 'ausência de respeito' quando na verdade não respeitamos a individualidade.
Quem somos nós para julgar a forma como os jovens se expressam, quando damos por nós a sentir desconforto sempre que alguém se ri da nossa pronúncia? 
Quem somos nós para afirmar que vestir de determinada forma determina a pessoa que é, quando nem quero imaginar como seria ir trabalhar todos os dias de lábios pintados de vermelho, pois essa não sou eu?

Em que é que uma escola ou um professor se foca quando tenta adulterar num primeiro encontro este tipo de identidade?
Estará plenamente consciente desta sua escolha ao relacioná-la com o sucesso dos jovens?
Em que é que esta alteração de identidade, diz realmente do outro? Estará a falar mais sobre o professor e da escola, do que propriamente do indivíduo que tem consigo?

A aceitação incondicional que Rogers partilha conosco tem haver com o aceitar:
- os bonés 
- os piercings 
- as tatuagens
- a história 
- o percurso
- as escolhas
- os pensamentos 
- as emoções 
- ...

Aceitar não significa concordar, Aceitar não significa cooperar, Aceitar não significa acomodar, Aceitar significa ver o outro sem julgamento e com compaixão, como um ser único, individual, com o seu mapa de crenças, valores, história, necessidades e acima de tudo, dotado de potencialidades.

Só quando formos capazes e tivermos disponibilidade para ver e aceitar o outro (aluno) ele também estará disponível e com aceitação para ver (o professor).

Aí inicia a relação! Com os olhos, os ouvidos, as mãos e os pés... Com presença e abertura!

<3 Daniela 



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