quarta-feira, 6 de abril de 2016

Quando vejo as tuas necessidades

Hoje sem nenhuma razão aparente, recordei com saudade duas professoras do ciclo, nomeadamente do 8' e 9' anos. Uma de Matemática, a prof. Margarida e a outra de Ciências Naturais, que não me recordo do seu nome, mas sim do brilho do seu sorriso, do poder das suas gargalhadas e da energia que transbordava.
Sempre me considerei uma aluna mediana, daquelas que necessitavam de estudar e trabalhar para obter os resultados altos na escala estabelecida do nosso sistema de educação.
Hoje quero recordá-las, pois tiveram um enorme impacto na minha educação, mas principalmente na minha auto-estima e auto-confiança.
O meu 7'ano, foi, para mim, o mais desafiante. O ano em que senti mais dificuldades, menos conexão com a escola, estudos, desconectada comigo mesma... Ano em que a minha nota mais alta foi um 4 a Educação Visual e ano em que tirei a minha primeira e ultima negativa numa pauta final.
Sentia-me triste, desencorajada, pouco confiante e por vezes até senti que era 'burra'. Hoje isto parece ter pouca relevância, no entanto uma criança com 12 anos não percebe isso. 
Ano letivo em que não me senti apoiada pela escola e principalmente pelos professores. Era mais uma aluna.. Era mais uma nota.. Era mais um resultado.. Mas para mim, eu era única, era 'aquela nota', era 'aquele resultado', era 'aquele sentimento'...

Hoje quero falar destas duas professoras, porque elas, de uma forma consciente ou inconsciente perceberam que eu tinha uma grande necessidade de conexão e reconhecimento e sem eu entender a razão, sentia-me muito feliz e motivada em frequentar a escola, as aulas... Eu sorria, eu divertia-me, eu ajudava os outros, eu queria estar ali. 
Os meus níveis de satisfação, interesse, motivação, curiosidade, criatividade, alegria e relação com a comunidade educativa e a escola, subiram exponencialmente, e acima de tudo, criei uma nova crença e perspectiva de mim mesma: 'eu sou capaz'.

Acreditando hoje que as provas não provam nada, quero contudo partilhar que essas duas professoras permitiram-me terminar o 9' ano, depois das provas globais, com seis 5's e quatro 4's na pauta final, de uma forma prazerosa e sem esforço.

E se elas não me tivessem visto? E se elas não se tivessem conectado comigo? E se elas não sorrissem e fossem animadas? E se elas não tivessem disponibilizado o seu tempo com presença para mim? E se...? Estaria aqui hoje a escrever este texto?

Existem várias necessidades observáveis através do comportamento humano e quando alimentadas, cada ser humano será mais capaz de escalar uma montanha.

Segundo a pirâmide das necessidades básicas de Maslow, é apenas no topo que encontramos a necessidade de obter conhecimento; por conseguinte, aquilo que a escola pretende dar, incutir e 'obrigar' o aluno a atingir é o saber, esquecendo-se que as crianças e jovens são como as casas... Não se constroem pelo telhado.

Na minha prática diária com jovens e jovens-adultos em risco, utilizo esta diferenciação de necessidades básicas* que me ajudam a perceber melhor cada um e assim conseguir adequar a minha intervenção de uma forma mais eficaz e pessoal:
- necessidade de Conexão e Pertença
- necessidade de Conhecimento e Segurança 
- necessidade de Importância e Reconhecimento
- necessidade de Experiência e Novidade

Por isso, questiono-lhe: 'E se conseguisse perceber as reais necessidades dos seus alunos? E se descobrisse também as suas reais necessidades? Que resultados gostaria de atingir dentro da sua sala de aula e como se sentiria com isso?'.

São a estas e a outras questões que ajudo a 'responder' quando acompanho educadores e professores. Se quer saber como, envie e-mail para danielaflaranjeira@gmail.com ou acompanhe e contacte-me através da minha página do facebook Relações Mais Conscientes.

❤️

* (necessidades básicas segundo modelo Laser de Pedro Vieira, master trainner LifeTraining)

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